quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Marcha




Dizei ao povo que marche!

Que de súbito, o que houver

Seja para o melhor

O que quer que achem

Para tudo que vier

Somos o início e o fim das coisas

Inventamos Verbos, Deuses e Limites

Saboreamos o gosto inócuo da culpa

Imposta por modelos morais flexíveis

Humanos, Deuses, Demônios…incríveis

Somos DNA, acreditamos em OVNIS e no que virá

Mandamos `as favas, `a PQP, ao raio que o parta!

Mas não nos fartamos desta vida farta!

Mas não nos fartamos desta vida farta!

Mas não nos fartamos desta vida farta!

Então dizei ao povo que marche!

Pois a estrada será construída logo

Atrás de nossos passos

E nosso tropeços serão motivos para sermões

Nosso suor e lágrimas, espelhos hídricos para covardia

Mas nada disso abalará o nosso espírito

E o destino será onde pararmos!


Ernesto Albuquerque

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Vai(Dei)dades

Arte de David Ho



Egos aos quilotons, masmorras moralistas
Cânticos e preces nunca satisfizeram
Nunca acalmaram…sacrifícios…em vão
Mártires, martírios, puros delírios
Tudo que lhe derem com uma mão
Com a outra lhe tiram
No início era o verbo, a palavra em movimento
Do caos ao caos, do pó ao pó
Todos os deuses tem a mesma origem
Todo santo, todo sacrificado é melhor virgem
Humildade somente para aqueles que obedecem
E devem obedecer, senão…as chamas, o inferno
As chamas, as chamas, o calor….humano
Demasiado humano…
Nações criadas em torno de mitos
Vidas nunca realmente vividas
Igrejas lotadas, aos gritos
Nunca se sabe, nunca se soube
O abuso de poder sobre o medo do homem
O medo do sucesso por próprio mérito
O medo de operar milagres
Todo dia até hoje alguém ainda cai nessa
Bengalas com barbas brancas e tronos dourados
Bengalas, nada mais que bengalas


Ernesto Albuquerque

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Devo não nego



Bom, lá vai mais um texto sobre a "época da loucura" se é que ela acabou...


Devo, não nego

Por Ernesto Albuquerque



Ainda devo `a todos os que me ouviram
`A todos que guardaram meu carro até tarde da noite
`A aqueles que compartilharam momentos
De iluminação
Ainda devo explicações `a aqueles que
Não me compreenderam
E como eu devo aos garçons que
Me atendiam prontamente
Ainda devo resposta para todos
Os que me perguntaram algo
Quando eu não prestava atenção neles
Ainda devo `a minha mãe
Pela minha falta de prudência
Quando eu dizia pra ela que ao sair
Seria prudente
Ainda devo muito
`A todos aqueles que acreditaram em mim
Certamente devo visitas `aqueles que eu disse
Que no outro dia estaria lá sem falta
Devo não nego
Devo explicações `a todas as mulheres que eu
Disse que ligaria e nunca liguei
Devo ainda embasamento para todas as teorias que formulei
Nos bares e botecos por onde andei
Devo mais que isso
Devo tanto a mim mesmo
Por não ter sido ainda um décimo do que
Prometi que seria quando jovem
A impressão que tenho é que
Devo ao mundo inteiro
Devo ainda 480 reais ao Marquinhos
Dono do puteiro

terça-feira, 21 de agosto de 2007

DivagoMundo


DivagoMundo

(Ernesto Albuquerque)


Nada se compara ao absurdo
De estar vivo
LEVITAMUNDO
A arte do sol não é brilhar
DILATOMUNDO
O mundo cão, o mundo são
Ô mundo em vão
Lilith tem a cabeça cortada! (mas não fui eu)
MINCAROMUNDO
A sinopse não é convidativa
Tales é abstrato em números
SONUPROFUNDO
Chinaski não bebe mais por hoje
SEPAROMUNDO
Essas algemas nunca me deterão
DESAFIOMUNDO
No lado escuro da Lua está a resposta
Para os males de quem não tem cura
INFECTOMUNDO
As fezes de Cristo usadas como bálsamo
RECURSOIMUNDO
Somente os cegos olham para o céu
OFIMDOMUNDO
Os restos de Deus adubam a terra
Onde nascerão Homens e Mulheres
Perfeitamente imperfeitos
CONTINUOMUNDO

sábado, 28 de julho de 2007

Reação caótica ante ao equilíbrio

Arte David Ho


Um dia acordei (lá pelo meio-dia) e ainda estava com a roupa do dia anterior, coloquei a mão no bolso e tinha um guardanapo de papel com esse texto e com a minha letra, provavelmente fui eu quem escreveu:





Engodo prolífero a desencadear
Uma fúria frutífera
De frutas feras
De longas eras
A alimentar a pança alheia
dissipando na fumaça
Ou na veia
Um grito estridente na rua (arruaça)
Talves por serem meus os teus erros
Talvez por serem teus os meus olhos
E dissemino toda minha franqueza
Livrando-me da avareza
Tentando tripudiar sobre seus atos
Cuspir em suas fotos
Camuflar todos os fatos
Talvez por serem pobres meus relatos
Meus julgamentos insensatos
Por tentar me divertir `a revelia
Sem pensar na rebeldia
Que entoa a melodia
Saindo `a noite, chegando de dia
Comendo o que eu não comia
Bebendo o que eu não bebia
Me esquecendo do que vivia
Uma vida sem memória
Uma batalha sem glória
Uma estupidez notória
Pra me livrar de um gesto amigo
Só pra olhar pro meu umbigo
E dizer o que eu não digo
Normalmente ao teu ouvido

Ernesto Albuquerque

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Kindreds on my path..long time ago




Aos 13

(Ernesto Albuquerque)


Aos filhos de Caim
Espalhados pelo mundo
De Deus
Seus filhos e os meus
Pecado imundo
Viver pelo sangue
Vermelho impuro
Filhos de Caim
Um dia eu juro
Enoch já não cabe em si
Never was the other way
There’s no way
Kindreds on my path
I allways could smell
Death
O gosto metálico de Lilith
O primeiro pedaço
O calor da tua veia
O Penhasco
Verdadeiro dilúvio ainda virá
Filhos de Caim como será?

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Imortal

Certas noites eu realmente saia de casa como se fosse minha última noite na terra, poucos, realmente poucos sabem o que é isso. Se despedir de todos mentalmente e entrar no carro. Fiz isso tantas vezes que percebi meu destino


Imortal

Talhado pelo tempo, temporal de palavras,
Mudo, surdo e cego, navego no teu dorso
Meu nome do meio, alheio, vago
Nem tudo que devo eu pago, mas antes
O que quer que eu queria que fosse
Não foi….descarrilhar vagões no meio da noite
Fiz isso por anos a fio, sem testemunhas
Nem vou começar a contar…Deus morreria de vergonha
O Diabo morreria de vergonha, imagine EU!
Na verborragia encrustada neste mar digital
Sou mais um, mas não serei por muito tempo
Meu lugar predestinado ao sol está guardado antes
Do meu nascimento. Sugarei a seiva bruta que
Me levará a lugares frequentado por poucos
Farei um colar com as pérolas que foram jogadas
Aos porcos e com ele sairei de madrugada
Enfileirando putas travestidas de meninas
(ou seria o contrário)
Negarei três vezes o rótulo de beatnik
Antes de o galo cantar…
Minha estória não cruza este caminho
Tudo que me orgulho (ou me envergonho)
Fiz sozinho
No rumo que tracei, vi poucos vingarem
Na onda envolvente da luxúria que varria minhas
Madrugadas, excessos e acasos faziam minha sorte
Por muitas vezes meti no cú da morte
Conto aqui não minhas estórias
Essas não cabem em poesia
Relato apenas que sobrevivi
Pra quem achou que não sobreviveria